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Como criar uma cultura de Compliance em uma empresa?

Muitas empresas possuem um código de conduta, adotam alguns procedimentos esparsos de integridade e dizem ter um programa de Compliance. Todavia, percebe-se que seus colaboradores não seguem quaisquer normas internas nem fazem ideia do que seja um programa ético. São os chamados programas de fachada ou de prateleira.


Para que uma empresa, de fato, institua uma cultura de Compliance, ela deve ir muito além das simples medidas exemplificadas acima.


Mudar a forma de atuar e respeitar valores íntegros, exige, antes de tudo, um compromisso ético irretratável da alta direção.


É consenso que o pilar mais importante de um programa de Compliance é a alta direção e é nele que se inicia a transformação, de maneira que nenhuma mudança ética ocorre se os gestores da companhia não ditarem o exemplo.


Ou seja, o código de conduta de uma empresa só é seguido pelos funcionários, se seus superiores também o fizerem.


Fora o Tone from the top, também não há que se falar em mudança cultural, se não houver um eficiente treinamento dos colaboradores, sendo fundamental que estes entendam, adotem as normas éticas da empresa e percebam que o programa de Compliance não é apenas um mero adereço.


Além de efetivo, o processo de treinamento deve ser comunicativo (deve-se usar uma linguagem com o perfil do público alvo) e contínuo. Não se trata de uma palestra ou aula intensiva, mas sim de um lento e contínuo reforço dos padrões e parâmetros a serem seguidos por todos dentro da corporação.


E treinamento não se confunde com ensinamento, como bem exemplifica André Castro Carvalho, “Por exemplo, em um treinamento corporativo sobre corrupção em uma empresa de construção pesada, muito provavelmente todos os empregados sabem do risco de exposição a corrupção e suborno e têm ciência de que isso é uma violação do programa de integridade da empresa. O objetivo de um treinamento em E&C seria não se limitar a “ensinar” essa informação, mas sim treinar formas de que ela não seja esquecida em momentos críticos”. [1]


Ademais, também não basta somente o treinamento. É exigível que a empresa reforce seus mecanismos de controle para detectar eventuais desvios de seus colaboradores, de forma a deixar claro que não tolerará, em hipótese alguma, indivíduos desonestos em seus quadros, ou seja, só tem espaço dentro da companhia aquele que compactua e segue a cultura de integridade desta.

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[1] Carvalho, André Castro et al. Manual de Compliance. Rio de Janeiro: Forense.

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