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Média e alta rendas puxam desempenho de incorporadoras

O setor de incorporação apresentou melhora dos resultados do segundo trimestre, na comparação anual, com destaque para o desempenho das companhias com foco nas rendas média e alta - Cyrela, Even Construtora e Incorporadora e EZTec, por exemplo. Na baixa renda, as atenções do mercado de construção civil se voltaram para o impacto sobre as margens do aumento das restrições da Caixa Econômica Federal na concessão de crédito imobiliário para compradores de imóveis.


Sempre na comparação anual, no segundo trimestre o prejuízo líquido consolidado das incorporadoras teve queda de 87,9%, para R$ 60,3 milhões. A receita líquida cresceu 24,9%, somando R$ 4,887 bilhões, e a margem bruta do setor aumentou de 23,7% para 29,5%. A alavancagem consolidada do setor medida por dívida líquida sobre patrimônio líquido teve leve alta de 51,1% para 51,7%.


O levantamento realizado pelo Valor Data incluiu dados de 15 empresas: CR2, Cyrela, Direcional Engenharia, Even, EZTec, Gafisa, Helbor, MRV Engenharia, PDG Realty, RNI Empreendimentos Imobiliários, Rossi Residencial, Tecnisa, Tenda, Trisul e Viver Incorporadora (veja tabela ao lado).


Sem a PDG, que respondeu pelo prejuízo de R$ 249 milhões no segundo trimestre, o setor teria apresentado lucro líquido consolidado de R$ 188,7 milhões. A expansão da receita líquida seria de 28,6% sobre o mesmo período de 2018, para R$ 4,796 milhões, e a margem bruta teria crescido de 26% para 29,3%. Já a alavancagem do setor teria caído de 32,3% para 27,4%.


No segundo trimestre, as incorporadoras elevaram lançamentos em 29,4% e vendas líquidas em 25%, para R$ 5,585 bilhões e R$ 5,169 bilhões, respectivamente, sobre o ano passado. Os distratos tiveram queda de 39%, para R$ 841,1 milhões, também na comparação com o mesmo período de 2018.


O desempenho semestral do setor foi bem positivo. A expansão dos lançamentos foi de 43,5%, entre janeiro e junho deste ano na comparação com o mesmo período de 2018, para R$ 9,38 bilhões. As vendas líquidas tiveram alta de 23,2%, para R$ 9,433 bilhões.


Durante a divulgação dos balanços do segundo trimestre, companhias com atuação principal nos segmentos médio e alto informaram que há mais interesse dos bancos pela concessão de crédito imobiliário. A redução da taxa de juros beneficia, duplamente, o setor de incorporação, pois o custo dos financiamentos cai, e os investimentos em ativos reais ficam mais interessantes em relação a aplicações financeiras. Isso vem se refletindo nas vendas de lançamentos e estoques.


Espera-se que as linhas de crédito imobiliário a serem anunciadas amanhã pela Caixa, corrigidas por índices de preços, para operações com recursos da poupança, serão mais baratas do que as oferecidas, atualmente, o que beneficiará as empresas de média e alta rendas.


Na semana passada, a EZTec elevou sua meta de lançamentos deste ano de R$ 1 bilhão a R$ 1,5 bilhão para de R$ 1,5 bilhão a R$ 2 bilhões. A companhia lançou R$ 707 milhões, no primeiro semestre, e tem mais R$ 961 milhões previstos para até setembro. A Cyrela informou que espera um semestre forte, com apresentação de muitos projetos, e que a tendência é alcançar o objetivo de lançar mais em 2019 do que em 2018.


Considerando que as safras recentes de projetos tendem a ganhar mais representação na composição da receita, a Cyrela tem expectativa de melhora gradual da margem bruta. A Even, que também estima alta do indicador, informou que os preços de vendas de lançamentos estão superiores aos esperados e que tem comercializado estoques prontos com valores superiores aos de um ano atrás. A EZTec tem conseguido preço maior nos novos projetos e vender estoques com menos descontos.


A geração de caixa pela Cyrela e pela Even foi outro destaque do trimestre, conforme analistas.


No segmento de baixa renda, MRV, Tenda e Direcional apresentaram melhora de resultado líquido e receita líquida na comparação com o segundo trimestre do ano passado.


Por outro lado, as margens brutas de MRV e Tenda foram reduzidas como reflexo do maior rigor na concessão de crédito bancário a clientes no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida. Para evitar perdas de vendas, as duas companhias concederam mais descontos aos clientes. Com isso, a margem bruta da MRV caiu de 33,3% para 30,7%, e a da Tenda baixou de 36% para 34%, na comparação anual.


Já a Direcional informou que tem conseguido manter os preços de vendas de imóveis, apesar das novas condições de oferta de crédito da Caixa. A margem bruta da companhia aumentou no período de 25,9% para 33,3%.


"Os investidores estão monitorando o que pode acontecer com as margens das incorporadoras de baixa renda no segundo semestre", diz um analista setorial, ressaltando que as atenções vão se voltar mais para a execução dos financiamentos pela Caixa do que para a preocupação com eventual falta de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).


Por Chiara Quintão

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